A democratização dos motores diesel em carros desportivos chegou ao SLK. Depois de marcas como a Porsche terem banalizado a medida, agora é a vez da Mercedes cometer o "sacrilégio". Os puristas poderão não gostar, mas com a escalada dos preços da gasolina é mais uma necessidade para aumentar as vendas."As linhas imponentes transmitem potência e agressividade no bom sentido: o design do SLK, em especial na traseira, com dois escapes, cativa. Os 204 cv de potência e 500 Nm de binário deste descapotável de capota rígida e tracção traseira, a estabilidade em curva, a reacção rápida e precisa às manobras do volante evidenciam o carácter desportivo deste roadster. E, no entanto, o SLK a diesel sente-se mais como um carro normal do que como um desportivo puro. No caso da versão que conduzimos, o ruído percebido no habitáculo é o de uma berlina a gasóleo e não o característico de um desportivo puro. Tem força e responde com rapidez e precisão às manobras do volante, mas é uma força tranquila - não se tem a sensação de ser um carro nervoso que desafia o condutor a pisar o acelerador.
Os bancos são simultaneamente desportivos e confortáveis e os dois ocupantes não se sentem acanhados no habitáculo. Em contraponto aos pedais de alumínio, a uma caixa manual de 6 velocidades precisa e de relações curtas, as jantes de 18 polegadas com pneus Pirelli PZero de alta performance e medidas diferentes por eixo (225/40 ZR18 à frente e 245/35 ZR18 atrás), aos travões de grandes discos (ventilados à frente), a suavidade e o conforto da suspensão são mais apanágio de uma limusina.
Este SLK 250 CDI, a iniciação dos roadster da Mercedes com motor a gasóleo, consegue ser uma coisa e o seu oposto. Pode-se fazer uma condução desportiva e, numa estrada sinuosa de montanha, provou as suas potencialidades, mas, pelo conforto que proporciona, convida também a viagens longas (até tem sistema de detecção de cansaço do condutor...) ou, em especial no Verão, a uma condução calma, com a capota recolhida, a velocidades moderadas (a apreciar a paisagem e o carro, numa estrada à beira-mar, até sofremos uma buzinadela de um automobilista mais nervoso). Sendo desportivo, este descapotável vem dotado da tecnologia Blue-EFFICIENCY (BE) para redução de consumos e emissões, com modo de funcionamento Eco (e dados sobre a eficiência de condução no computador de bordo), sistema Start & Stop (paragem e arranque automáticos do motor) e indicador de mudança de velocidade. É como aquelas senhoras da alta-sociedade que organizam chás de beneficência para ajudar os pobrezinhos. Mas, como essas senhoras, a "caridade" do SLK 250 CDI reduz-se a isso: apesar dos apregoados 4,8 L/100 km de média de consumos, a realidade aproximou-se dos 8,0 L/100 km. Talvez em plano e a velocidades comedidas se consigam fazer medias abaixo dos 6,0 L/100 km, mas nunca numa condução normal do dia-a-dia.
Apesar de medir apenas 4134 mm de comprimento, a pouca altura (1301 mm) e os 1801 mm de largura, bem como o capot alongado fazem com que este bilugar pareça maior do que na realidade é. Porém, é fácil arranjar uma posição cómoda de condução e a visibilidade a 360º é excelente - quase que não se tornam necessários os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros (opcionais) para o arrumar. No habitáculo, a qualidade dos acabamentos e materiais estão à altura de uma marca de prestígio como a Mercedes e os comandos e instrumentos são de fácil manuseamento e leitura. Um contra é o facto de a capota só se poder accionar com o carro parado. Noutros descapotáveis, é possível fazê-lo a baixas velocidades.
Os puristas consideram que os descapotfiveis têm que ter capota em lona. Porém, a capota rígida poderá ser menos bonita, mas proporciona outro conforto acústico e térmico. A desvantagem prática é o espaço requerido para a alojar, quando recolhida. No caso do SLK, a capacidade da mala reduz-se de 335 para 250 litros. Porém, a desmentir a argumentação falaciosa de muitas marcas para impingirem aos clientes o kit de "reparação" de pneus (ganhar espaqo, poupar peso, etc.) e amealharem uns trocos à custo da segurança e conforto dos utilizadores, sob o fundo da mala encontra-se uma roda de emergência.Apesar de razoavelmente equipado, o preço-base deste descapotável é uma mentira. O equipamento opcional pode representar um custo adicional de 13.400€. E se alguns dos opcionais, como os estofos em pele (1900€) ou o sistema de navegação (2050€) se poderão considerar extras, outros como os sensores de estacionamento (1200€), de chuva (1506€) ou de luminosidade (1400€) deveriam ser de série num veículo deste nível. Exagerado é tambem o preço da pintura metalizada (1000€). O carro tem capota de metal, mas a Mercedes, por 3250€, propõe um tecto em vidro com transparência variável de acordo com a intensidade do sol.
Prós e contras
+ Qualidade de construção, materiais, visual, visibilidade 360º- Extras encarecem em demasia o preço, com o motor diesel perde-se o espírito desportivo nomeadamente o som do motor, consumo anunciado não se aplica em condução normal
Mecânica
Motor: Gasóleo, dianteiro, 4 cilindros em linha, 2143cc, 16 válvulasTracção: traseira
Alimentação: injecção directa, com turbo
Potência: 204cv às 4200 rpm
Binário: 500 Nm entre as 1600-1800/rpm
Prestações
Velocidade máxima: 244 km/hAceleração 0-100 km/h: 6,5s
Consumos
Consumo médio: 4,8 L/100 kmEmissões CO2: 124 g/km
Preço
Preço: a partir de 49.950€"fonte: público, outubro 2012








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