É um carro pedagógico: explica-nos que ser forreta ajuda a salvar o planeta, e a reduzir a nossa dependência de países petrolíferos com regimes políticos desumanos. Ensina-nos a conduzir; a não ter pressa; a sermos responsáveis: poupando-nos muito dinheiro. É uma lição irresistivel.
Com hora e meia de electricidade "da companhia", dá para andar 20 e tal quilómetros, desde que não se ande depressa e se vá recarregando os 18 quilómetros com que se parte, desacelerando e travando nas descidas.
É um inferno para os motoristas que seguem atrás de nós: ver-nos a andar a 50 à hora e a travar vinte vezes numa descida, para ganhar cem metros à borla.
Não sabendo que estamos a salvar o planeta, praguejam e fumegam e gritam. São selvagens. Que Maya, a deusa da Terra, tenha pena deles.
Para nós, é o paraíso. Deslizamos, sem barulho nem despesa, com a maior das calmas e a mais leve das consciências. O carro é grande e muito confortável e tudo funciona como um Toyota de um futuro que já chegou."
(por Miguel Esteves Cardozo)
fonte: público, dezembro 2012








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