Quando o planeamento rodoviário torna o trânsito caótico



As obras no eixo central da Av. Fontes Pereira de Melo, junto à rotunda do Marquês de Pombal, estão a gerar uma onda de contestação. O Automóvel Club de Portugal questiona o projecto no que diz respeito à sua eficácia de fluidez do trânsito. Este é apenas um exemplo mas não é caso único no país. Noutras cidades e localidades do país é possível observar obras de planeamento rodoviário de qualidade questionável que pioram a situação em vez de trazer algo positivo à circulação automóvel.

Mas para além do planeamento rodoviário questionável há outro problema que surge em muitas cidades do país: a defeituosa relação entre o número de lugares de estacionamento disponíveis e o número local de residentes ou zonas de comércio, ou seja os índices de estacionamento não são respeitados. O argumento de aumentar o espaço pedonal e o espaço verde cai por terra quando se desrespeitam elementares regras técnicas de dimensionamento e de segurança de tráfego. Aliás as câmaras municipais, muitas afogadas em dívidas enormes, não estão muito interessadas em oferecer lugares de estacionamento aos automobilistas. Apenas tomam a iniciativa quando os lugares são acompanhados de parquímetros. Em vez de se preocuparem com o bem estar procuram infernizar a vida dos residentes criando mais taxas.



Obras de planeamento a servirem os interesses de empreiteiros?

Mas afinal para que servem as rotundas? É impressionante a proliferação de rotundas no nosso país. Como justificar a sua existência em zonas de trânsito não problemáticas? O argumento de usar as rotundas como forma de reduzir a velocidade em localidades é correcto? NÃO ! É uma necessidade? NÃO !

O abuso das rotundas em localidades faz sempre lembrar aquele sketch dos Gatos Fedorentos do autarca Ezequiel Valadas. Em países mais desenvolvidos que o nosso não existe a necessidade de usar rotundas em tudo o que é cruzamentos. Não são elas que resolvem (pseudo) problemas de trânsito.

O "desordenamento" do trânsito

Rotundas, bandas sonoras, sinais de trânsito, semáforos, tudo serve para fustigar o automobilista com mais barreiras físicas, obrigando a mais paragens. O argumento é usado em nome do peão que decidiu eleger o automóvel como inimigo público número um.

Se a intenção destas barreiras passa por disciplinar a velocidade dos automobilistas nas localidades então o objectivo pode ser temporariamente alcançado. Mas um semáforo não muda o civismo de um automobilista. Assim que cai o sinal verde adeus civismo...

Nos países onde a corrupção é alta existe sempre a necessidade de muita legislação, normas e disciplina. Nos países civilizados não existem tantas normas, antes impera o bom senso e o civismo. E, ao contrário do que se pensa, o bom senso e o civismo não se compram num supermercado ou numa farmácia.

Quais as consequências do mau planeamento rodoviário

Reduzir a dimensão das vias para uma largura incompatível com os volumes de circulação de viaturas existentes origina problemas de engarrafamentos e congestionamento do trânsito. Ou seja torna o trânsito mais caótico. A prepotência e o autoritarismo das câmaras ao não assumirem os seus erros no planeamento são actos censuráveis. O deficiente planeamento rodoviário, seja ele resultante de manifesta negligência, incompetência ou proveniente de actos de má-fé de técnicos responsáveis como vereadores ou engenheiros de tráfego, trás inúmeras desvantagens para o ambiente. E para além disso acaba também por castigar a qualidade de vida dos residentes e tornar penosas as viagens dos condutores.

1. Em vez de colocar ordem e fluidez torna o trânsito caótico.

2. Como consequência, o trânsito caótico faz aumentar as emissões de CO2 e os níveis de poluição atmosférica com o crescimento do pára-arranca.

3. Aumentar o espaço pedonal sacrificando o número de lugares de estacionamento prejudica os residentes que ficam obrigados a estacionar longe das suas residências ou a pagar parques de estacionamento.

4. Constitui um acto de despesismo para o erário público uma vez que não acrescentam nada de útil. O capital gasto poderia ser canalizado para obras de maior relevância social e económica. Efectuar obras à pressa em vésperas de eleições para tentar ganhar votos é um modus operandi que muitas vezes dá mau resultado.

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