Mini Cooper III SD 5 portas 170cv (2014)




Pois é definitivamente o Mini rendeu-se ao mercado e aparece agora numa versão de cinco portas. Heresia? Há quem pense que sim e há quem se esteja nas tintas. De facto, como o próprio nome diz Mini é mini. Mas esta não é, certamente, a primeira heresia da marca, agora detida pela BMW. O Countryman já "abusou" da tradição ao aparecer com um volume mais avantajado. Se por um lado parece estranho observarmos um Mini tradicional com cinco portas, principalmente na versão Cooper, por outro lado há quem agradeça e aproveite para usufruir da "ousadia". Refira-se que convém não esquecer que a Mini já descontinou dois modelos que se revelaram flops como o Roadster e o Coupé. Por isso mexer com a tradição nem sempre dá resultado.

Se a Mini já foi uma marca do povo (tal como o foi o Fiat 500 ou o Volkswagen Carocha), agora não é bem assim. Tornou-se elitista. A frente do Mini transformou-se numa imagem de marca intocável que vende bastante bem e há quem a aprecie mas sinta necessidade de algo mais. Agora, na terceira geração da era moderna, já é possível desfrutar dessa imagem de marca num veículo ligeiramente maior e de cinco portas, como se de um hatchback compacto familiar se trata-se. É a primeira vez que isto sucede ao "pequeno" Mini. Resta saber se não será uma cartada falhada.



A aposta entende-se como uma forma da Mini alargar o leque de viaturas disponíveis para as famílias ou frotas. A antiga geração Mini dos anos 70 era capaz de albergar uma família inteira, incluíndo o cão ou o gato. Mas a era moderna elevou os padrões de conforto e remeteu o pequeno carro para o campo do culto e "egoísmo" devido ao pouco espaço que oferece. De facto um Mini é um carro para uma ou duas pessoas. A versão de cinco portas procura alterar esse paradigma. E o trabalho feito pelos designers e engenheiros da Mini foi árduo para não desvirtuar o modelo original.

Em termos estéticos mantém-se o espírito. É a mesma linguagem da terceira geração com uma grelha adicional inferior na frente para dar mais agressividade, afinal é um Cooper. Na lateral apesar de existir uma maior altura de 11cm face ao modelo de três portas não se vislumbram diferenças. O que salta à vista são os dois puxadores a denunciar o maior comprimento do modelo (184mm a mais do que a versão três portas). Se a Mini tivesse optado por dissimular o puxador da porta traseira no vidro - como faz a Alfa Romeo, a Honda e já fez a Seat - talvez a imagem saísse mais beneficiada. É que fica sempre aquela sensação de que não havia necessidade de colocar mais um puxador, mas no final lá que dá jeito isso não restam dúvidas principalmente para quem leva a família ou uma criança atrás.



A traseira não difere muito da versão normal. A mais valia deste Mini está mesmo no interior com mais espaço atrás capaz de transportar dois passageiros reais. A bagageira tem uma capacidade de 278L (67L a mais do que a versão três portas). No resto, materiais e acabamentos, são aquilo que já se viu na terceira geração do Mini. Mas as heresias não acabam aqui. O bloco que equipa o Mini Cooper SD é um 2.0L a ...diesel, com duplo turbo a debitar 170cv associado a uma caixa automática de 6 relações. Tem a vantagem de ser mais poupado do que se fosse a gasolina. Em condução desportiva vai até aos 7L/100km.

O motor é rápido a responder e quanto aí nada há a assinalar. Se por um lado estamos na presença de um Mini Cooper, com espírito desportivo e ...suspensão dura, por outro lado se transportar a família a bordo então será capaz de ouvir insultos quando passar por buracos na estrada. A questão da suspensão é uma opção discutível e o dois em um resultou num casamento com potencial para o "divórcio". De facto o Cooper SD 5 portas é uma escolha mais emotiva que racional. O preço base de quase 40.000€ é proibitivo. Depois há a acrescentar uma série de extras que inflaccionam o preço final como, infelizmente, já é hábito na BMW.



Existem modelos no mercado de cariz familiar mais confortáveis, mais acessíves e com potência semelhante. Não têm a tal imagem de marca elitista é certo mas cumprem na íntegra os requisitos básicos e vêm bem recheadas reflectindo-se no preço real final. Existe uma versão diesel 1.5L a debitar 116cv. Talvez a opção mais inteligente, mas mais pachorrento e com pouco espírito picante de Cooper S. Um pouco como se fosse um cordeiro com pele de lobo. Algum do equipamento opcional poderia vir de série. Não havia mesmo necessidade.

Por exemplo o Cooper SD 5 portas tem como opcionais sistema DCC para aperfeiçoar a suspensão, caixa automática desportiva, câmara traseira, vidros traseiros com protecção solar, retrovisor interior anti-encandeamento automático, sensores de estacionamento traseiros, sistema de som Harman Kardon, sistema Head-Up Display, sistema de navegação, volante desportivo John Cooper Works, apoio de braço dianteiro, Pack Chili, jantes de liga leve de 17", Mini Driving Modes, sensor de chuva e de luz, Cruise control com função de travagem e ainda faróis full LED adaptativos.

Prós e contras
+ design, qualidade geral
- suspensão dura, preço, acesso ao interior difícil

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