A Voyager, agora Lancia, tem muitas parecenças com a Voyager, antes Chrysler. Muitos não concordam com este tipo de "canibalismo". Imagine o que seria uma marca alemã como, por exemplo, a BMW, adquirir a Mini e apropriar-se dos seus modelos mudando-lhe, apenas, o logotipo e os motores? A cultura alemã de respeitar o passado é distinta da do grupo Fiat.
"O que pode acontecer quando a sabedoria americana dos grandes espaços se junta ao refinamento europeu? A pergunta tem merecido diferentes respostas à medida que vão sendo desvendados os resultados da parceria entre a Fiat e os seus novos produtos do outro lado do Atlântico. Desta vez, sem sombra de dúvidas, a conclusão só pode ser positiva. Herdeira evidente da Chrysler Voyager, um mito entre os monovolumes, a nova Lancia Voyager consegue manter os predicados "made in America" e ganha interiores à europeia. Onde a mão da Lancia ainda não se nota por aí além é no comportamento dinâmico - com uma suspensão devotada ao conforto, resulta bastante difícil fazer curvas sem andar a adornar de um lado para o outro.
A Voyager é grande. Melhor: é enorme. Enquanto outros monovolumes se quedam, claramente, abaixo dos cinco metros de comprimento, este italo-americano ultrapassa a barreira sem medos e exibe ainda uma largura assinalável. Se é verdade que os apertados espaços europeus (nomeadamente os parques de estacionamento ... ) acentuam estas dimensões pelo seu lado negativo, o que elas proporcionam em termos de habitabilidade é algo de praticamente inimaginável. Para começar, a distribuição dos sete lugares não obedece à regra dos 2+3+2, em que a última fila exibe, tantas vezes, dois assentos residuais. Na Voyager, há dois lugares na fila do meio, em poltronas separadas (para facilitar o acesso à traseira), e três assentos atrás. Destes, só o do meio pode revelar-se mais apertado, ainda que o espaço para os pés não seja brilhante em nenhum deles.
As quase quatro dezenas de centímetros que separam este monovolume dos seus rivais em termos de comprimento reflectem-se claramente no espaço destinado às bagagens - mais do que triplica o oferecido pela generalidade da concorrência.
E nem precisava, porque o sistema Stow'n Go, que permite guardar malas por baixo do piso, dá um jeitão. Apesar deste duplo fundo, a altura do habitáculo é suficiente e permite mesmo bascular do tecto ecrãs de DVD ou caixas para arrumos sem que isso nos desperte sensações de claustrofobia. Este é um carro para grandes viagens e a quantidade de espaços e mordomias postas ao dispor dos passageiros merece nota de destaque.
Mecanicamente, o motor não desmerece, embora fosse desejável uma maior potência quando se viaja com a lotação esgotada. Não é um prodígio de economia, mas safa-se; pode ser ruidoso a velocidades mais elevadas e vibra um pouco nas rotações mais baixas. A caixa automática porta-se bem, apesar das relações longas; os travões cumprem a sua missão, a direcção é bastante comunicativa - o que chega a ser surpreendente num carro destes. No cômputo geral, ninguém sairá daqui assoberbado por emoções fortes. Não é disso que se trata. Toda a mecânica está lá para cumprir uma missão simples: transportar passageiros. E é também por isso que se desculpa a falta de firmeza da suspensão quando se curva.
A fiscalidade penaliza uma motorização tão grande (motores de dois litros são o mais comum, mas esta 2.8 é a Única versão prevista para Portugal). Ainda assim, a Lancia consegue apresentar um preço atractivo, tanto mais que o equipamento não envergonha e os materiais e desenho interiores são de bom nível. Só que, em tempos de crise, será preciso gostar mesmo muito de espaço para estar disposto a gastar aquele bocadinho mais que a Voyager (48.250€) custa. A Ford tem o Galaxy por 41.850€, a Seat propõe o Alhambra por 41.543€, a VW Sharan custa 45.981€ - só a Renault, com a Grand Espace (54.500€ ), é mais cara. Todos estes são carros bem mais curtos, mais apertados, menos luminosos no interior e com inferior capacidade na bagageira. Mas são também, todos eles, mais capazes de circular em espaços restritos, permitindo um maior leque de utilizações.
A Voyager não é um carro prático para o dia-a-dia, não se pára em qualquer sítio para deixar os filhos na escola nem gosta (isso então muito menos) de estacionamentos de hipermercados e centros comerciais. É um especialista de estrada."
- Dimensões em espaços apertados, caixa algo lenta, comportamento em curva, alguns comandos pouco intuitivos, excessiva especialização
Potência: 163cv às 3800 rpm
Binário: 360 Nm entre as 1800 e as 2800 rpm
Cilindros: 4 em linha
Válvulas: 8
Alimentação: Turbodiesel de injecção directa por conduta comum
Tracção: Dianteira
Caixa: Automática, de 6 velocidades
Suspensão: Independente, tipo McPherson, a frente; eixo de torção com rodas interligadas, atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira com assistência hidráulica
Travões: Discos a frente e atrás
Largura: 199,8 cm
Altura: 175,0 cm
Peço: 2330 kg
Pneus: 225/65 R17
Capac. depósito: 76 litros
Capac. mala: 934 litros
Aceleração 0-100 km/h: 11,9s
Emissões CO2: 205 g/km
fonte: público, julho 2012
"O que pode acontecer quando a sabedoria americana dos grandes espaços se junta ao refinamento europeu? A pergunta tem merecido diferentes respostas à medida que vão sendo desvendados os resultados da parceria entre a Fiat e os seus novos produtos do outro lado do Atlântico. Desta vez, sem sombra de dúvidas, a conclusão só pode ser positiva. Herdeira evidente da Chrysler Voyager, um mito entre os monovolumes, a nova Lancia Voyager consegue manter os predicados "made in America" e ganha interiores à europeia. Onde a mão da Lancia ainda não se nota por aí além é no comportamento dinâmico - com uma suspensão devotada ao conforto, resulta bastante difícil fazer curvas sem andar a adornar de um lado para o outro.
A Voyager é grande. Melhor: é enorme. Enquanto outros monovolumes se quedam, claramente, abaixo dos cinco metros de comprimento, este italo-americano ultrapassa a barreira sem medos e exibe ainda uma largura assinalável. Se é verdade que os apertados espaços europeus (nomeadamente os parques de estacionamento ... ) acentuam estas dimensões pelo seu lado negativo, o que elas proporcionam em termos de habitabilidade é algo de praticamente inimaginável. Para começar, a distribuição dos sete lugares não obedece à regra dos 2+3+2, em que a última fila exibe, tantas vezes, dois assentos residuais. Na Voyager, há dois lugares na fila do meio, em poltronas separadas (para facilitar o acesso à traseira), e três assentos atrás. Destes, só o do meio pode revelar-se mais apertado, ainda que o espaço para os pés não seja brilhante em nenhum deles.
As quase quatro dezenas de centímetros que separam este monovolume dos seus rivais em termos de comprimento reflectem-se claramente no espaço destinado às bagagens - mais do que triplica o oferecido pela generalidade da concorrência.
E nem precisava, porque o sistema Stow'n Go, que permite guardar malas por baixo do piso, dá um jeitão. Apesar deste duplo fundo, a altura do habitáculo é suficiente e permite mesmo bascular do tecto ecrãs de DVD ou caixas para arrumos sem que isso nos desperte sensações de claustrofobia. Este é um carro para grandes viagens e a quantidade de espaços e mordomias postas ao dispor dos passageiros merece nota de destaque.
Mecanicamente, o motor não desmerece, embora fosse desejável uma maior potência quando se viaja com a lotação esgotada. Não é um prodígio de economia, mas safa-se; pode ser ruidoso a velocidades mais elevadas e vibra um pouco nas rotações mais baixas. A caixa automática porta-se bem, apesar das relações longas; os travões cumprem a sua missão, a direcção é bastante comunicativa - o que chega a ser surpreendente num carro destes. No cômputo geral, ninguém sairá daqui assoberbado por emoções fortes. Não é disso que se trata. Toda a mecânica está lá para cumprir uma missão simples: transportar passageiros. E é também por isso que se desculpa a falta de firmeza da suspensão quando se curva.
A fiscalidade penaliza uma motorização tão grande (motores de dois litros são o mais comum, mas esta 2.8 é a Única versão prevista para Portugal). Ainda assim, a Lancia consegue apresentar um preço atractivo, tanto mais que o equipamento não envergonha e os materiais e desenho interiores são de bom nível. Só que, em tempos de crise, será preciso gostar mesmo muito de espaço para estar disposto a gastar aquele bocadinho mais que a Voyager (48.250€) custa. A Ford tem o Galaxy por 41.850€, a Seat propõe o Alhambra por 41.543€, a VW Sharan custa 45.981€ - só a Renault, com a Grand Espace (54.500€ ), é mais cara. Todos estes são carros bem mais curtos, mais apertados, menos luminosos no interior e com inferior capacidade na bagageira. Mas são também, todos eles, mais capazes de circular em espaços restritos, permitindo um maior leque de utilizações.
A Voyager não é um carro prático para o dia-a-dia, não se pára em qualquer sítio para deixar os filhos na escola nem gosta (isso então muito menos) de estacionamentos de hipermercados e centros comerciais. É um especialista de estrada."
Prós e contras
+ Espaço interior, modularidade, conforto, mecânica competente, bagageira, equipamento, facilidade de utilização- Dimensões em espaços apertados, caixa algo lenta, comportamento em curva, alguns comandos pouco intuitivos, excessiva especialização
Mecânica
Cilindrada: 2768ccPotência: 163cv às 3800 rpm
Binário: 360 Nm entre as 1800 e as 2800 rpm
Cilindros: 4 em linha
Válvulas: 8
Alimentação: Turbodiesel de injecção directa por conduta comum
Tracção: Dianteira
Caixa: Automática, de 6 velocidades
Suspensão: Independente, tipo McPherson, a frente; eixo de torção com rodas interligadas, atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira com assistência hidráulica
Travões: Discos a frente e atrás
Dimensões
Comprimento: 521,8 cmLargura: 199,8 cm
Altura: 175,0 cm
Peço: 2330 kg
Pneus: 225/65 R17
Capac. depósito: 76 litros
Capac. mala: 934 litros
Prestações
Velocidade máxima: 193 km/hAceleração 0-100 km/h: 11,9s
Consumos
Consumo misto: 7,9 litros/100 kmEmissões CO2: 205 g/km
Preço
a partir de 48.250€"fonte: público, julho 2012
Sem comentários: