Volvo V40 D2 Momentum (2012)

"O que esperar de um carro de inspiração sueca, herdeiro de tecnologia norte-americana, feito por uma empresa chinesa e com um alemão ao leme? Parece uma combinação estranha, mas são estes os caminhos que a indústria automóvel vai trilhando ... O novo Volvo V40 é um produto, que desafia a concorrência alemã no segmento dos pequenos familiares. Recebido de forma entusiástica por alguma crítica, parece, no entanto, sofrer de um problema de carácter: as suas virtudes são discretas, os problemas ostensivos.

São bem menos, os problemas, claro. Mas parecem saltar a vista logo num contacto inicial. Ou isso ou estamos mal habituados e, ao entrarmos num Volvo, temos tendência para dar uma série de coisas como garantidas. Será injusto, talvez. É fácil constatar que o carro não é particularmente espaçoso por dentro (a denominação não tem nada a ver com o V40 anterior, que era a versão "break" do S40 -e até aqui a Volvo poderia ter sido um bocadinho mais criativa...). Não podemos, no entanto, esquecer-nos que alguns dos concorrentes também não brilham nesse particular. Também se tornam evidentes com o passar dos quilómetros algumas limitações dinâmicas - todo o conjunto parece destinado a proporcionar viagens suaves e seguras; a tentação de "puxar" pelo carro devolve alguma falta de acutilância.

Nota-se na direcção (pouco comunicativa), intui-se nos travões, confirma-se na caixa (complicativa nas reduções), percebe-se no deslizamento do eixo traseiro (algo que pode ser divertido, mas quando há potência para controlar estas situações). O motor desta versão é apenas um 1.6 turbodiesel de 115cv. Estamos, portanto, na base da gama e será de esperar que tentações desportivas obtenham outra resposta com os propulsores diesel de 150cv (D3) e 177cv (D4) e o gasolina de 179cv (T4).
O que se espera de um carro destes? Que seja confortável, económico, fiável. E, sobre isso, não restam dúvidas - o V40 é bastante confortável, muito económico e não há qualquer razão para se duvidar da solidez da sua mecânica. A todos estes argumentos tem de se juntar um visual exterior muito bem conseguido, a qualidade superior dos materiais, uma insonorização excelente e níveis de equipamento bem interessantes, incluindo itens de segurança inéditos nesta classe.

Só que aqui começamos a caminhar perigosamente para outro ponto fraco do modelo: o preço. Os 30.000€ que custa a versão Momentum (o nível médio de equipamento) saem ainda inflacionados com alguns extras. Ou seja, há que contar, pelo menos, com os packs Driver Support (alerta de objecto em ângulo morto, alerta para o condutor, alerta de colisão com função de travagem) e Style (painel de instrumentos digital, sensores traseiros de parqueamento, câmara traseira de parqueamento, manete de velocidades iluminada). São 1310€, mais IVA. Para um carro que pretende competir com os modelos premium, o cenário já não é famoso - o Audi A3 Sportback (em vias de ser substituído) correspondente passa dos 32.500€; o BMW 116d anda pouco acima dos 31.000€ e a Mercedes promete que o mais acessível dos seus novos classe A (180 CDI, de 115cv) estará disponível por menos de 30.000€, a mesma promessa que a Volvo faz ...

É claro que o equipamento pode fazer toda a diferença, mas estamos a falar de marcas com pergaminhos assentes; quem pretende discutir o pódio deveria procurar outro tipo de argumentos monetários ... Tanto mais que, daí para baixo, a - concorrência aparece a léguas. A mítica referência do segmento, o VW Golf (e a Volkswagen está longe de primar pela simpatia dos preços) custa, na versão 1.6 TDI 105cv Confortline, 26.790€. Em suma, voltando à questão inicial. Como analisar um carro de raíz sueca, com motor PSA/Ford herdado dos tempos em que as duas marcas estavam juntas, de um construtor europeu agora gerido por chineses e com as rédeas do projecto nas mãos de um alemão oriundo da VW? Pode depender de quem olha, mas, visto de perto, o copo está bem mais do que meio cheio. Tradição, mecânica comprovada, solidez financeira, pensamento estratégico. A Volvo deu um passo importante para entrar no quintal dos alemães.




Prós e contras
+ Qualidade geral, economia, conforto, visual, equipamento, segurança
- Preço, habitabilidade, falta de temperamento desportivo, nome do modelo susceptível de gerar confusões, extras pagos à parte

Mecânica
Motor: diesel, dianteiro, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, 1560cc
Potência: 115cv às 3600 rpm
Binário: 270 Nm entre as 1750 e as 2500 rpm
Alimentação: Turbodiesel de injecção directa por conduta comum, turbo de geometria variável
Tracção: Dianteira
Caixa: Manual, de 6 velocidades

Dimensões
Comprimento: 436,9 cm
Largura: 204,1 cm
Altura: 144,5 cm
Peso: 1300 kg
Pneus: 205/55 R16
Capacidade deposito: 52 litros
Capacidade mala: 335 litros

Prestações
Velocidade máxima: 190 km/h
Aceleração 0 - 100 km/h: 12,3s

Consumos
Consumo misto: 3,6 litros/100 km
Emissões CO2: 94 g/km

Preço
a partir de 29.936€"

fonte: público, agosto 2012

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