15 MARÇO 2025, 5:53 AM


Mazda CX-5 2.2 Skyactiv D150 2WD Evolve (2012)

"Quando um construtor aponta ao grosso do cardume que navega nas águas dos SUV, tem de pensar no Nissan Qashqai. Basta olhar para a lista de preços para perceber onde se situa o novo Mazda CX-5. Promete-se uma bela luta. A Mazda beneficia de uma certa distinção natural em termos de mercado europeu. A aura desportiva que lhe é proporcionada pela sua bem sucedida aventura no campo dos roadsters alia-se, nos dias que correm, à noção de que os seus produtos familiares conjugam a tradicional fiabilidade com algum protagonismo tecnológico. Será isso suficiente para montar uma estratégia de sucesso num segmento como o dos SUV (Sports Utility Vehicle), onde muitos construtores apostam forte? A resposta é afirmativa, embora a Mazda tenha escolhido um terreno acidentado: ao lançar um carro destas características mas de tamanho considerável, pode estar a meter-se num intervalo de preços onde outros emblemas se sentem bem mais à vontade.

Comecemos por aqui, antes de irmos mais longe. O sucesso do Nissan Qashqai transformou-o numa espécie de barómetro do sector. Mas, atendendo às dimensões do CX-5, aqui já estamos a falar no Qashqai+2, que disponibiliza 5+2 lugares. Não é o caso deste Mazda, um cinco lugares assumido, pelo que as comparações podem ser forçadas. Ainda assim, vale a pena olhar para os preços: a versão testada (a meio dos três níveis de equipamento) aproxima-se dos 37.000€ (com sistema de navegação), muito em cima do que a Nissan pede pelo seu modelo emblemático com sete lugares. O Mitsubishi ASX de equipamento e potência similar está ligeiramente acima e uma marca europeia como a VW coloca o Tiguan a 39.200€. Mas o Tiguan, tal como o Toyota RAV4 (quase 46.200€) são mais pequenos. E o espaço a bordo bem pode significar a diferença num segmento em que a filosofia do comprador aponta muitas vezes para os horizontes da estrada aberta - mesmo se, depois, acaba por ser maioritária a utilização citadina.

Mas falta qualquer coisa a bordo do CX-5. Os materiais não deslumbram, mas são correctos e ficam a ganhar com um desenho simples mas eficaz e uma boa montagem. Então, o que está mal? Demora alguns minutos, mas depressa chegamos lá. Os bancos traseiros podem ser rebatidos em três partes, numa proporção 40/20/40. Existe um pequeno compartimento, subdividido em vários espaços, por baixo do tapete da bagageira. E, em termos de modularidade, a lista acaba aqui. Num tipo de automóveis em que nos habituamos a encontrar soluções inteligentes, pormenores práticos e sistemas inovadores, a Mazda assobia para o lado. O que nos leva, de seguida, a procurar novos pontos fracos no interior do carro. Encontram-se. Porque este é um carro prático e muito utilizável, mas ainda fica a alguma distância da relação perfeita com quem se senta lá dentro.

Há pormenores que não estão à altura da tal intenção de olhar a concorrência de frente. Exemplos: se bloqueamos os vidros no botão que fica na porta do condutor, eles ficam inoperáveis ate para o próprio condutor; num carro com computador de bordo, ecrã táctil e central de comando na consola central, se quisermos pôr o conta-quilómetros parcial a zeros temos de carregar numa palheta preta, comprida e bicuda cravada no tablier em posição pouco prática; o porta-luvas não tem iluminação; os bancos podiam ser mais confortáveis. Pormenores, dirá muita gente. E com razão. Mas são esses pormenores, muitas vezes, que marcam pontos. Porque, em termos mecânicos, a Mazda não tem motivos para recear a concorrência: o motor é potente e generoso, embora um pouco ruidoso, principalmente a baixa rotação (a marca, aliás, faz gala de não se preocupar muito com a insonorização, alegando que os condutores precisam de ouvir o seu carro); a caixa, de relações longas, não desmerece; a direcção mostra-se comunicativa q.b.; os travões são bons.

A última nota, negativa do CX-5 pode ser o seu grande problema, até porque quem faz contas ao início tem tendência para continuar a fazer daí para a frente. E os consumos são pouco agradáveis: num teste sem preocupações de poupança, gastaram-se bem mais de 10 litros aos 100 km em auto-estrada e oito num percurso de estrada. Há por aí quem faça bem melhor, principalmente porque um dos grandes argumentos do CX-5 é ser mais leve do que os rivais.

Concorrentes
Nissan Qashqai
Mitsubishi ASX
VW Tiguan
Toyota RAV4

Prós e contras
+ Visual, solidez, espaço a bordo, motor generoso, dinâmica, segurança, preço
- Consumos, competências fora de estrada, bancos melhoráveis, suspensão curta, falta de modularidade, alguns pormenores de equipamento

Mecânica
Motor: Gasóleo, dianteiro, 4 cilindros em linha, 2191cc, 16 válvulas
Tracção: dianteira
Alimentação: turbodiesel por conduta comum
Potência: 150cv às 4500 rpm
Binário: 380 Nm entre as 1800 e 2600 rpm
Caixa: manual 6 velocidades

Dimensões
Comprimento: 455o mm
Largura: 1840 mm
Altura: 1710 mm
Peso: 1520 kg
Mala: 463 L
Depósito: 56 L

Prestações
Velocidade máxima: 202 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 9,2 s

Consumos
Combinado: 4,6 L/100km
Emissões CO2: 119g/km

Preço
a partir de 38 060 euros"



fonte: público, setembro 2012

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