"Ficamos desconfiados quando a renovação de um modelo não traz grandes novidades. Mas, no caso do Mercedes GLK, ainda bem que assim é. Polivalente e personalizado, este SUV está mais interessante para as bolsas portuguesas.A presença de vários classe A no parque de estacionamento das instalações da Mercedes até pode ter criado alguma inquietação. Mas, assim que olhamos para o renovado GLK, ela desaparece: ao contrário do que acontece no familiar mais pequeno da gama, aqui não há qualquer alteração radical de visual.E ainda bem, porque este ar falsamente rudimentar, rústico até, fica-lhe a matar. E é honesto: o SUV (Sports Utility Vehicle) da Mercedes gosta mesmo de sair do asfalto. E agora até está um bocadinho mais acessível ao comum dos mortais. Um bocadinho. Enfim, não há milagres. A grande diferença é que a motorização de 2,2 litros turbodiesel apresenta agora melhores consumos.
Só que isso ainda se reflecte num preço final a rondar a barreira dos 50.000€, verba inatingível para a generalidade dos portugueses, embora claramente concorrencial face ao que propõem Audi (Q5 2.0 TDI 177cv: 55.230€) e BMW (X3 xDrive 20d 184cv: 55.620€), ambos com tracção integral. O truque é disponibilizar muito equipamento em opção, permitindo que cada um faça o seu menu sem ser forçado a pagar o que não quer.
A viatura dispunha de caixa automática, que é um extra; tinha tracção traseira e não integral, que se encontra nas versões 250 e 350 CDI. Exemplos de como se podem moldar o gosto e as necessidades do cliente num produto feito à medida. Isto, claro, tendo como pano de fundo as características gerais do modelo, que em nada saem diminuídas com as evoluções introduzidas: conforto exemplar, condução fluida, qualidade geral acima de qualquer suspeita, boas sensações fora de estrada.
A esta lista de virtudes podemos agora acrescentar uma direcção ainda mais "saborosa" e consumos bastante comedidos. O bloco de 2,2 litros e 170cv de potência, graças a um excelente binário de 400 Nm, disponível logo a partir das 1400 rotações, mostra-se mais do que competente para dar alma a um veículo tão sólido e com vocação fora de estrada.Sem grandes preocupações de poupança, mas também sem exageros nem incursões sigificativas em terra, o teste devolveu um consumo médio pouco acima dos oito litros aos 100 km. Embora ligeiramente ruidoso na fase de aceleração a baixa rotação, o motor mostra-se depois bastante silencioso, sem denotar igualmente grandes dificuldades quando solicitado a recuperar andamentos - e nisso é muito bem ajudado pela óptima caixa automática de sete velocidades, cujo comando é uma das novidades no interior.
Para quem sempre perorou contra a concentração de comandos na coluna da direcção dos Mercedes (e, especialmente, o facto de as hastes estarem todas do lado esquerdo), este GLK é uma vitória de Pirro. Finalmente, temos uma do lado direito. Mas os outros continuam todos onde estavam. A posição do comando da caixa não é, de facto, brilhante; o resto passa no exame. Os mais dados a pormenores de design vão descobrir outras direrenças do lado de dentro do carro (e por fora também). Mas fiquemo-nos pelas noções gerais: qualidade superior dos materiais, bom espaço em largura, menos brilhante atrás para os joelhos, lugar central pouco utilizável no banco traseiro, instrumentação nem sempre muito intuitiva, algum desconforto devido à distância considerável entre os pedais do travão e do acelerador. A posição de condução até é muito boa, a visibilidade merece aplauso, os bancos são óptimos.
As sensações menos agradáveis provêm da proliferação de comandos no tablier e na zona do volante e de um pedal de travão que se mostra muito pouco progressivo, exigindo alguma habituação ao início. Há também a sensação de que o empenho no conforto pode ter limitado, de alguma forma, o desempenho dinâmico: em curva, este GLK bamboleia um bocadinho mais do que as propostas da concorrência.E é também por isso que limitamos a incursão fora de estrada a duas ou três corridinhas em estradões de terra batida. Pode ser que a curvar haja algumas limitações. Mas vale bem a pena: em linha recta, é um prazer surpreendente descobrir que podemos circular com padrões de conforto muito semelhantes aos que encontramos no asfalto. Para quem quiser (e puder), fica a sugestão. Depois, uma mangueirada para limpar o pó e estamos prontos para sair à noite.
Concorrentes
Audi Q5BMW X3
Prós e contras
+ Visual, conforto, motor, direcção, caixa automática, aptidões fora de estrada- Travões pouco progressivos, demasiados cornandos na coluna da direcção e no tablier, bagageira apenas sofrível, cotas interiores pouco impressionantes
Mecânica
Motor: Diesel, dianteiro, 4 cilindros em linha, 2143cc, 16 válvulasTracção: traseira
Alimentação: turbodiesel de injecção directa por conduta comum
Potência: 170cv entre as 3200 e as 4200 rpm
Binário: 400 Nm entre as 1400 e as 2800 rpm
Caixa: Manual 6 velocidades ou automática 7 velocidades de patilhas no volante
Dimensões
Comprimento: 4536 mmLargura: 1840 mm
Altura: 1669 mm
Peso: 1845 kg
Mala: 450 L
Depósito: 59 L
Prestações
Velocidade máxima: 205 km/hAceleração 0-100 km/h: 8,7 s
Consumos
Combinado: 5,6 L/100kmEmissões CO2: 145g/km
Preço
A partir de 47.494€"fonte: público, outubro 2012








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