Mahindra Reva e2o (2013)



A Mahindra Reva, marca indiana fabricante de automóveis, lançou o e2o, um pequeno citadino 100% eléctrico por um preço inferior a 10 mil euros. O e2o foi projetado pela Dilip Chabbria Design. É produzido na recém-inaugurada fábrica da Mahindra Reva em Bengaluru. É sabido que o handicap dos veículos eléctricos é o preço elevado. No mercado indiano o preço de 10 mil euros pode ser exagerado onde existem Tata's bem mais acessíveis, mas se for transportado para a Europa pode fazer estragos na indústria automóvel europeia, tendo em conta o ainda alto preço dos modelos eléctricos.

e2o = energy to oxigen

A filosofia geral da Mahindra Reva é inspirada pela "laranja até se tornar verde" para uma vida sustentável. O acrónimo e2o vem de "energy to oxigen": 'e' (energia do sol que é abundante e limpa), '2' (significa as tecnologias conectadas no carro), 'o' (oxigénio, a força vital que sustenta toda a nossa existência no planeta Terra). Em termos estéticos o e2o não é brilhante. A frente tenta ser desportiva com uma enorme grelha e faróis alongados, mas a traseira é algo estranha. O interior do e2o é impressionante, tendo em conta o preço. O seu layout é contemporâneo e a construção é competente. A textura do plástico do painel dão uma boa sensação.

A consola central, com uma interface touchscreen, é a cereja no topo do bolo, considerando que não só serve como uma unidade de multimédia, mas também como unidade de GPS, que funciona em sintonia com o carro e ajuda o condutor a planear uma rota. Também é possível sincronizar a interface com o smartphone através de uma aplicação e ligar ou desligar o aparelho de ar condicionado. O ambiente interior é espaçoso, suficiente para quatro adultos. O e2o tem 3280mm de comprimento, 1514mm de largura e 1560 mm de altura. Pesa apenas 830 kg.

O ar condicionado funciona bem e é um elemento importante porque o e2o tem o inconveniente de as janelas traseiras serem fixas. Só tem portas à frente. Para aceder aos lugares traseiros é necessário rebater os bancos da frente, cujo mecanismo é funcional. No geral o interior é agradável, embora algo cinzento e demasiado sóbrio, apenas o velocímetro quebra os tons de cinza. Não é um carro premium, mas a construção é boa o suficiente. Para se ligar o carro aperta-se um botão e mantém-se a chave introduzida que tem um sensor embutido que activa a ignição. Desta forma simples inicia-se a marcha. Como é um carro totalmente eléctrico não se ouve o motor. Mesmo durante a ignição não se ouve nenhum ruído ou alguma indicação de que o motor esteja pronto a "rolar".

O e2o dispõe de quatro mudanças: F (front), B (boost), N (neutral) e R (reverse). Para quem não está habituado a carros eléctricos, parece estranho dirigir o e2o. Em andamento o interior é marcado pela ausência de ruídos do motor, apenas se ouvindo o som dos pneus a rolarem, ou as irregularidades do piso. O carregamento completo da bateria demora cinco horas, e a autonomia é de 100 km de acordo com o revelado pela Mahindra Reva. Mas em condições reais de condução, é previsível que o intervalo caia para valores entre 85-90 km. Então se se usar o rádio, o ar condicionado ou o GPS a autonomia desce ainda mais. No entanto o e2o tem um modo de condução que acrescenta mais 10 km de autonomia.

Como se referiu no início, o ponto forte do e2o é o preço. Quanto à condução em si mesmo, o e2o não é muito divertido de conduzir. Seleccionando o modo F e pisando o acelerador a resposta não é imediata. Mas se seleccionar o modo B a resposta é mais rápida e consegue atingir os 50km/h rapidamente. A velocidade máxima é de 81km/h, o que atira o e2o para ambientes urbanos de pára-arranca onde se sente como peixe em água. O motor eléctrico do e2o é feito com baterias de iões de lítio. Tem três fases e produz 25,4cv (19 kW) e 53 Nm de torque. Vem com uma garantia de três anos, ou 60.000 km - o que ocorrer primeiro. O fabricante sugere que as baterias podem durar até cinco anos, dependendo do uso e do tipo de condução.

Carregamento das baterias por energia solar

O intervalo de serviço definido pela Mahindra Reva é de 10.000 km de distância. O custo de funcionamento e manutenção é baixo e o elemento mais caro são mesmo as baterias. O carregamento completo pode ser feito através de tomadas de energia eléctrica em 5 horas. O carregamento rápido de 15 minutos dá uma autonomia de 25 km. É possível instalar o pacote Sun2Car, que consiste em painéis solares que carregam as baterias. Um modo 100% limpo desde a produção da energia até ao consumo. O e2o dispõe de sistemas de travagem regenerativa, tipo Kers, que fornecem energia suplementar. Em marcha lenta, sublinhe-se, o e2o consome muito pouca energia. Esta é a grande arma dos veículos eléctricos. Onde os veículos a combustão consomem muito combustível e emitem elementos poluentes durante o pára-arranca, os eléctricos quase não consomem nada.

Em curva é necessário ter algum cuidado pois é possível perder tracção e dinâmica. A travagem é boa graças a discos sólidos na frente e tambores atrás, mas é necessário alguma habituação ao pedal de travagem. O e2o pertence ao mercado indiano onde alguns pequenos luxos ainda não se tornaram um habitué. Por isso o e2o não vem com direcção assistida e, por isso, dirigindo o carro em baixas velocidades exige-se um pouco de esforço. No geral a condução do e2o é bastante decente, mas não é divertida. Não é adequado para viagens longas mas não se deixa intimidar em auto-estradas. O reduzido peso (830kg) obriga a cautelas quando o vento bater de lado. Os pneus têm as dimensões 155/70 R13. Em termos de segurança o e2o vem com sistema ABS de auxílio em travagem.

Pode-se colocar a questão se faz sentido a compra deste carro elétrico. Se o condutor passar muito tempo no pára-arranca, percorrer diariamente distâncias curtas e não pretende gastar muito dinheiro num carro, nem em manutenções, nem em combustível(!), não se preocupar com prestações e performances, então o e2o é uma opção inteligente. Mas inteligente apenas. Ainda não está prevista a sua implementação noutros mercados. Até agora a única marca indiana comercializada em Portugal é a Tata. O nome Mahindra Reva pode soar estranho aos portugueses, mas também noutras alturas os nomes Toyota, Suzuki ou Hyundai soaram a algo de exótico. Será uma questão de tempo até atingir credibilidade.

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