Fraude nas emissões automóveis pode provocar desvalorização de modelos a diesel



O dieselgate, como é já conhecido o caso das emissões da Volkswagen, já provocou a suspensão de vendas de alguns modelos do grupo VW em vários países como EUA, Itália, Bélgica, Holanda ou Suíça. Provavelmente outros países tomarão a mesma decisão, depois de se conhecer que o gigante alemão enganou os testes de emissões de nitrogénio de azoto. Enquanto que a norma Euro 5 centrou-se mais no CO2 - mais nefasto para o efeito de estufa do que para a saúde humana -, a nova norma Euro 6 focaliza-se em gases potencialmente perigosos para os seres vivos.

Como resultado deste escândalo os proprietários dos modelos com os motores "fraudulentos" vêm o valor das suas viaturas cair. A revista Visão anuncia que no site Standvirtual os anúncios de vendas de carros da VW aumentou mais de 200%. Um sinal de que as pessoas estão a tentar "livrar-se" das viaturas. Mas a VW é só a ponta de um icebergue. Um estudo da CE refere que outras marcas europeias também violam o limite legal das emissões. E muitos dos consumos anunciados pelas marcas também são claramente enganosos. Por isso este "terramoto" é uma machadada na reputação ambiental dos diesel e, muito provavelmente, a tendência será a desvalorização no mercado destes motores, uma vez que a procura poderá diminuir.

Enquanto algumas marcas investiram em veículos híbridos a VW apostou forte no desenvolvimento de motores "clean diesel" para o mercado norte americano. A Mercedes tem a sigla Blueficiency e a VW Bluemotion. Mas depois deste escândalo os EUA trocaram o nome clean diesel para dirty diesel (diesel poluente). Quem se preocupou mais com soluções ecológicas saiu a ganhar já que depois deste caso os diesel têm os dias contados no mercado norte americano. O regulador da maior economia do mundo não irá permitir mais fraudes com emissões. A VW enfrenta um desafio enorme já que vão chover muitos processos em tribunal.

A VW tem agora uma corrida contra o tempo para tentar encontrar uma solução técnica para os carros com o software malicioso e corrigir as emissões. Em Portugal existem cerca de 94 mil unidades afectadas. É um gigantesco recall de 11 milhões de viaturas. Uma hipótese seria corrigir ou mudar as centralinas - o software que gere o funcionamento do motor - de modo a emitir menos gases poluentes, no entanto isso implicaria a perca de potência do veículo e alteração dos consumos, situação que desagradaria aos condutores certamente. Outra hipótese seria a mudança dos catalisadores, mas isso implicaria também alterações nos consumos e prestações. Num caso mais extremo a marca terá de mudar todos os motores, uma situação bastante dispendiosa.

Cenário sombrio

Se não for encontrada uma solução técnica para procurar reduzir as emissões de forma a respeitar a norma Euro 5 ou Euro 6, então os proprietários das viaturas em questão poderão ver-se obrigados a alterar os dados registados nos livretes já que a quantidade de gasóleo queimada deverá ser maior, gerando mais consumo e prestações diferentes das actuais. Isso implicaria uma carga fiscal ambiental maior, ou seja pagar mais imposto de circulação e mais imposto automóvel, não se sabe se com ou sem retroactivos. Mas o cenário pode ser ainda pior já que caso a Volkswagen não consiga encontrar um plano que cumpra as emissões até 7 de Outubro a marca arrisca-se a perder a homologação dos modelos afectados, com cancelamento de vendas dos novos modelos bem como a proibição de circulação dos modelos existentes afectados. Ou seja os proprietários ficarão proibidos de circular com os modelos afectados.

Entretanto alguns prémios conquistados pela VW com estes motores manipulados já perderam o galardão. Também a Audi, marca do grupo, já processou a casa mãe VW. A única forma do gigante alemão limpar a sua imagem no mercado será com o lançamento de um modelo mais ecológico como o 1L, o projecto de um carro híbrido que consome apenas 1L aos 100km... mas a gasolina.

Portugal é o 3º país da UE com maior percentagem de carros a diesel

Tembém o Instituto Superior Técnico testou em 2012 vários veículos a gasóleo e concluiu que as emissões de óxidos de azoto em estrada eram 1,6 a 6,4 vezes superiores do que os valores obtidos nos testes com os carros imobilizados. Portugal é o 3º país da UE com maior percentagem de carros a diesel. Actualmente representam 71%.

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